Corridinho
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.
Adélia Prado
Clique na imagem e você poderá ver outras tantas igualmente belas, diretamente do Flickr da autora, a designer Anna Cunha.
2 comentários:
Estamos começando na arte dos Blogs...
A gente fuça e fuça e fuça e encontra com algumas palavras bem ditas e exploradas como as que aqui se encontram!
Já está nos favoritos, adoramos poesias!
beijos
Que legal, meninas!
Sejam muito bem-vindas por aqui.
beijos.
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