Ao fundo uma música tristonha tocava enquanto ela colova as últimas peças do armário dentro da mala cor-de-rosa. Estava atrasada para pegar o ônibus, mas deu tempo de deixar um bilhete embaixo do copo com flores. Verificou o horário ao mesmo tempo em que seu olhar confirmou que nada ficara para trás. De chinelo no pé e vestido rodado no corpo, desceu as escadas, passou pela pequena sala de jantar e saiu pelos fundos, ligeira tal qual um vento frio. Aquela moça não se importava com o que diziam ser "bons modos" ou coisas do tipo. Na verdade, odiava despedidas como Garfield a segunda-feira. Ela já tinha atravessado a rua quando, lentamente, a porta se fechava e ainda era possível ouvir os ecos da canção pela fresta.
Toda banda tem um tarol, quem sabe eu não toco
Todo samba tem um refrão pra levantar o bloco
Toda escolha é feita por quem acorda já deitado
Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado
E pinta o estandarte de azul
E põe suas estrelas no azul
Pra que mudar?
Todo samba tem um refrão pra levantar o bloco
Toda escolha é feita por quem acorda já deitado
Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado
E pinta o estandarte de azul
E põe suas estrelas no azul
Pra que mudar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário