
vi aqui.
(clique na imagem para ampliá-la)

Minha nova paixão-fofura-literária-infantil se chama "Where The Wild Things Are", escrita e ilustrada pelo brilhante Maurice Sendak. A obra é antiga, de 1963, e bastante popular e premiada nos Estados Unidos. Sucinto de tudo e ousado, o livro vai "estrear" no cinema em 1º de janeiro de 2010, com adaptação assinada por Spike Jonze, o diretor de, entre outros, "Quero Ser John Malkovich". Antes disso porém, a publicação chegará (ou já chegou há pouco), pela primeira vez ao Brasil, com o nome de "Onde Vivem os Monstros", assim como o longa.
...mas hoje o sol não apareceu por aqui, seu moço. nem as pedras do caminho. foram todos juntos de mãos dadas, o sol amarelinho e as rochas avermelhadas.
E foi assim, a moça abriu o e-mail na noite fria e lá estava a surpresa da amiga que, por algum tempo, preferiu virar tatu-bola para se proteger de alguns perigos da grande travessia. Ela só queria se tornar invulnerável aos dentes dos cães, igualzinho mesmo ao tatu. Mas descobriu que os girassóis existem.


O olhar era preocupado e os passos apressados. Nos braços, carregava um segredo pesado e extraordinário que fazia sua cabeça doer aos sábados.



No carnaval meu coração foi pra Pernambuco. Ele se dividiu em várias partes e está passeando pelo Galo da Madrugada, se perdendo pelas ruas do Recife Antigo, se vestindo de Papangu em Bezerros e subindo e descendo as ladeiras de Olinda. E já que eu fiquei, aqui vai a minha homenagem carnavalesca:
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
e é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê nos bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
Ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há na cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
e as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa.


Aquela Chapeuzinho decidiu, de supetão, ser diferente. Passou pelo Lobo sem medo, deixou de lado sua cestinha e foi passear em outra floresta. Agarrou bem forte a mão de Manuel Bandeira e saiu cantarolando:Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha falsa e demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada


Corridinho
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.
Adélia Prado
Clique na imagem e você poderá ver outras tantas igualmente belas, diretamente do Flickr da autora, a designer Anna Cunha.
Estreou a série (aqui no Brasil, por enquanto, só baixando) “United States of Tara”, escrita por Diablo Cody, roteirista oscarizada por “Juno”, e produzida por sir. Steven Spielberg. A atriz Toni Collette vive a personagem principal, Tara (ou T ou Alice ou Buck), uma mulher dona de quatro personalidades.
Não sabia que sentia tanto asco, nem tanta repulsão por esse inseto pequeno da família dos Blactídeos, de antenas compridas e multiarticuladas, conhecido por barata. Isso foi até ler esse trecho (ao final) de "A Paixão Segundo G.H.", de Clarice Lispector. Aí sim, tudo aumentou.
LAUGHS

